Será que eu preciso de um Psiquiatra?
Quando alguém sofre uma queda e fratura um osso, todo mundo sabe
que é preciso buscar atendimento em um pronto-socorro, um
hospital, uma unidade de saúde, etc. E também todo mundo sabe
(ou pelo menos quase todo mundo), que o médico que trata de
fraturas (ossos quebrados) é o médico ortopedista. Porém, quando
se tratam de sintomas que envolvem a mente, as emoções e o
comportamento, ainda hoje muita gente faz confusão.
O objetivo deste artigo é orientar as pessoas sobre o melhor
modo de se lidar com o problema do sofrimento psíquico, afetivo
(emocional), e comportamental.
A primeira coisa a NÃO FAZER é ir até o balcão da farmácia mais
próxima e buscar algum “remédio para nervosismo”, “calmante”,
“remédio pros nervos” e afins. Isto, além de ser uma atitude
potencialmente perigosa (pois os balconistas de farmácias por
não serem médicos podem, ainda que intencionalmente, lhe indicar
medicamentos que poderão não resolver nada seu sofrimento,
causar efeitos colaterais, remédios errados, etc., além do que
isto pode (dependendo do caso) se constituir em exercício ilegal
da medicina, o que é crime.
Outra atitude a ser fortemente DESENCORAJADA é utilizar aquele
medicamento que a vizinha toma e que “relaxa”, pois você pode
vir a correr o risco de ingerir um medicamento que pode não lhe
fazer bem e interagir negativamente com algum outro medicamento
que você esteja tomando, o que pode causar consequências
imprevisíveis.
Outra coisa muito importante é que se tome muito cuidado com o
que se lê na internet. No início dos tempos da internet (por
volta de 1996), havia uma maior preocupação com a qualidade das
informações publicadas. Porém hoje, embora a internet seja
utilíssima, o que dispensa comentários, há uma confusão
generalizada de informações. Infelizmente, a internet está se
tornando em uma grande confusão. Sendo assim, embora a busca de
informações seja importante, é preciso muito cuidado a fim de
que algum sinal ou sintoma pertencente a algum transtorno mental
não seja visto pelas pessoas como uma forma de se
autodiagnosticar, o que pode ser perigoso.
A dor no peito, por exemplo, é uma queixa muito frequente, e se
constitui em um sintoma que leva muitas pessoas a buscar um
cardiologista, o que está correto. A dificuldade para ler leva
as pessoas a buscarem um oftalmologista, o que também está
correto. Abaixo listaremos alguns sinais e sintomas que, se
presentes, podem (embora não necessariamente) sugerir algum
problema que necessite dos cuidados de um especialista em
transtornos mentais, afetos e emocionais, e esse profissional é
o médico psiquiatra.
Alguns sinais e sintomas principais em Psiquiatria: medos,
tristeza excessiva, desânimo frequente, irritabilidade, variação
constante do humor, insônia, dificuldade em se concentrar,
esquecimento anormal, crises de choro, baixa auto-estima,
confusão mental, desorientação espacial (quando a pessoa não
sabe em que direção deve ir), visão de vultos, ouvir vozes,
impressão de estar sempre sendo seguido, mania de arrancar os
cabelos, comer compulsivamente, falta de apetite persistente,
inquietação frequente, medo ou insegurança de sair à rua ou de
estar em ambientes públicos, comprar compulsivamente, explosões
de ira e de raiva, uso de drogas, beber demais, fumar demais,
pensamentos negativos frequentes, pensamentos suicidas, desejo
de matar alguém, gastar demais, excesso ou diminuição do desejo
sexual, promiscuidade, pavores noturnos, pesadelos frequentes,
medo de perder o controle, além de outros.
Existem mais de 100 doenças psiquiátricas catalogadas, logo as
doenças mentais NÃO se resumem apenas em Depressão, Crise de
Pânico e Transtorno Bipolar. É preciso que o diagnóstico seja
feito pelo especialista, o Psiquiatra, pois só assim o
tratamento correto pode ser indicado buscando a cura da doença.
Outra informação importante é certificar-se de que o médico que
se anuncia como especialista seja, de fato, especialista. Pela
legislação brasileira, todo médico pode exercer a medicina em
mais de uma especialidade se ele assim o desejar, bastando que
esteja inscrito no Conselho Regional de Medicina do Estado onde
atua. Todavia, por essa mesma legislação que mencionamos, o
médico NÃO PODE se anunciar como especialista sem que possua o
Título de Especialista na especialidade que divulga. No meu
caso, por exemplo, me anuncio como especialista em Psiquiatria e
em Nutrologia porque, de fato e de direito, o sou. Possuo os
dois Títulos de Especialista (Psiquiatria e Nutrologia) obtidos
segundo as normas da Associação Médica Brasileira, Conselho
Federal de Medicina, Associação Brasileira de Psiquiatria e
Associação Brasileira de Nutrologia.
E isto vale para qualquer especialidade médica. A consulta a fim
de se saber se um médico é especialista na área que anuncia é
muito simples: Basta acessar o Conselho Regional de Medicina do
seu Estado e digitar o nome do médico.
Dr Eduardo Adnet
Médico Psiquiatra e Nutrólogo